sexta-feira, 1 de abril de 2011

If only


"Se eu pudesse, ao menos te contar
O que se enxerga lá do alto
Com céu aberto, limpo e claro ou com os olhos fechados
Se eu pudesse, ao menos, te levar comigo lá" (...)

Humberto Gessinger

'Ei, você aí'

E tu, professor, já paraste para pensar porque teus alunos não gostam de ir à escola?

Já ousaste pensar que o lugar que, teoricamente deveria acolher, transformar, humanizar e ensinar tem, cada vez mais, destruído sonhos e proibido as crianças de sonhar?
Já imaginaste que, ao invés de copiarem um imenso texto falando das partes de uma planta, teus alunos certamente prefeririam estar no pátio ou num jardim, observando, comentando, vivenciando?
Já tentaste experimentar conversar abertamente, fazer acordos e, vez que outra, ceder aos pedidos dos teus pequenos, deixando castigos e punições de lado?
Te deste o prazer de ouvir o que eles tem a te dizer, a ensinar?
Já sentiste que esta é a profissão mais linda que há?
Te permitiste, alguma vez, retribuir uma saudação sorridente com palavras de carinhosas de incentivo, recebendo teu aprendiz com alegria?
E tu, docente que reclama do salário, já te imaginaste em outra profissão?
Já paraste de dizer que teus alunos são terríveis, que não tem salvação e que estás exausto?
Guardas alguma carta dos teus alunos?
Sentes que fazes o melhor que poderias fazer?

E tu, professor, estás mesmo disposto a mudar tua realidade ou te acomodas?

Sozinhos... ou não


Ela embarcou no ônibus, cansada da aula, mas concentrada em suas anotações.
Ele vinha de longe, ansioso por estar em casa após uma viagem.
Ela rabiscava a agenda. Ele ouvia Cidadão Quem.
E, sem explicação viável, ambos tagarelaram juntos, tímidos, aflitos.
Ele 'posso saber teu nome?, ela 'eu sabia que querias perguntar algo'.
Eles riram. Riram um bocado, e, quando toda a graça teve fim, ela voltou a anotar.
Ela queria saber o que era a maçonaria, a wicca, os totems. E anotava mais um tanto que parecia não ter fim.
Ele queria saber o nome da moça concentrada e talvez um pouco frenética.
Ele insiste. Ela aponta para a imensa bolsa bordada com nome, sobrenome e curso.
Ele a lê. Ela responde, em voz alta, que adoraria saber o que as pessoas do ônibus pensam àquelas horas da noite.
Ele não a entende. Pensa que ela é filósofa demais para deixar que o assunto flua.
Ele desiste do possível - ou impossível? - diálogo.
E, meia hora mais tarde, hora de descer. Caminhar até seu lar, dormir, sonhar.

quinta-feira, 31 de março de 2011

A vida acadêmica


Tu estás no Ensino Médio, mal esperas tuas férias de verão e... rá, subtamente és bixo (ou calouro, em outros estados) e tens de enfrentar a responsabilidade de ser universitário. É uma enorme alegria, ainda mais se, como eu, passas em tua primeira opção em duas ótimas universidades. Todas as madrugadas de estudo são compensadas e blablablá...
Há quem diga que certos cursos trazem consigo maiores dificuldades, mais trabalhos e mais dedicação. Mas, se pensarmos bem, pessoas esforçadas e que de fato gostam do que fazem jamais verão a faculdade como uma pedra no sapato.
Na universidade, tu aprendes mais do que as definições de ficha de leitura, pesquisa ou portfólio. Tu aprendes o real sentido da palavra diversidade, já que tens, na tua sala, pessoas de todos os lugares, de todos os estilos e com vários sotaques. Tu percebes que ninguém ou quase ninguém é sempre pontual e que o respeito, de alguma forma, evapora, pois vês pessoas entrando e saindo da sala a qualquer momento para fazer sabe-se lá o quê e sem ao menos pedir licença. Sempre verás que muitos não estão dispostos a assistir a aula, uns cochilam, outros fazem outras coisas...
E então, chega a tal competição. Raramente consegue-se estar em um grupo.
Agora tens pilhas de papéis para ler, reclamas da tua má alimentação e da falta de tempo.

Enfim, em cerca de 4 anos, às vezes mais, às vezes menos, toda a fuzarca acaba. TCC, formatura... e, quem diria, sentes saudades dos teus tempos de faculdade, onde dormiam na aula, saíam sem avisar, eram individualistas...

Respeito é bom, eu gosto e...

Respeito, bela palavra. É realmente uma pena que, de modo geral, não seja praticado tanto quanto deveria.
Mas o que é respeito?
Do latim respectu, respeito significa apreço, atenção, consideração. E, cá entre nós, não é o que mais temos visto por aí.

Respeitar não é dar uma aula de qualquer jeito para os seus alunos. Não é usar as coisas dos outros sem pedir permissão. E, definitivamente, NÃO é escutar aquele forró no seu celular, no ônibus e sem usar fones de ouvido. A partir desses conceitos, fica fácil definir o que é desrespeito, não?

Respeitar é escutar os outros sem deixar passar sua vez de falar. Respeito é cuidado, é bom senso. Mais que isso, deve-se respeitar a todos e a si mesmo.

domingo, 27 de março de 2011

Some have gone and some remain

Nessas épocas em que dou uma de filósofa, obviamente penso em música. E componho. Mas, normalmente, só procuro algo realmente bom para escutar. Hoje decidi que escutaria The Beatles e escreveria algo sobre a minha vida. Confuso, mas é um método.
Entre as dezenas, talvez centenas de versões de músicas dos amados Beatles, inventei de procurar In My Life. foi difícil escolher, mas o nome dele é Matthew Scannell. Ou simplesmente Matt. Ele regravou uma de minhas músicas prediletas para um filme fofo chamado ABC do amor - googleiem, o filme é uma gracinha.
Deixando meus discursos sobre cinema de lado, espiem o MySpace do fulano (http://www.myspace.com/mattscannell), especialmente a entitulada Echo.
No YouTube, escutem a versão de In My Life - http://www.youtube.com/watch?v=NMn9kWfqiXw

Aqui a letra, para quem ainda não conhece. Linda, linda.

In My Life - The Beatles
(letra de John Lennon e Paul McCartney)

There are places I remember all my life,
Though some have changed,
Some forever, not for better,
Some have gone and some remain.
All these places had their moments
With lovers and friends I still can recall.
Some are dead and some are living.
In my life I've loved them all.

But of all these friends and lovers,
There is no one compares with you,
And these memories lose their meaning
When I think of love as something new.

Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
In my life I'll love you more.

Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
In my life I'll love you more.
In my life I'll love you more.

De volta... e para ficar

Hoje acordei com uns flashbacks muito intensos. Desde a hora em que arrumei minha cama até o maravilhoso café da manhã, pensei em bons momentos que venho tendo nos últimos anos.
Fui uma criança que pode brincar, sujar as roupas... tive uma infância saudável e feliz.
Parei pra lembrar da adolescência. Reparei que muito do que vivi foi apagado. Lembro de um namorado, um ou outro bom amigo, minha banda e dos milhares de livros que li pra centenas de trabalhos e provas e todo tipo de teste.
Às vezes acho que eu poderia ter dedicado mais tempo à mim, no sentido de apreciar as pequenas coisas, de amar... de voltar a ser feliz como eu era na infância.
Então lembrei da minha profissão. Dos meus alunos, de todas as crianças. Lembrei que as noites mal dormidas - estudando e não festejando - valeram a pena. Todo o esforço me trouxe até aqui.

Estabelecer prioridades me fez encontrar um bom caminho. Um lindo caminho, com pessoas interessantes e verdadeiras, com conhecimento sobre o mundo e com muito aprendizado pela frente. Uma escolha pertinente... mas, sem dúvida, a escolha certa.